terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Ter ou não ter uma casa de madeira? 





Bem, na realidade a ideia principal era ter uma casa no campo. Desde criança sempre via aqueles filmes americanos onde muitas famílias moravam em casas de campo com um imenso jardim com aquela grama verdinha e um cercado de madeira pintada de branco em volta do terreno, aquilo me passava a ideia de qualidade de vida aliada a um extremo bom gosto.  Aqui entre nós, um país tão grande como o nosso, com paisagens tão belas e as pessoas se aglomerando em grandes centros urbanos, construindo sobrados em “meio lotes” e o pior, pagando caríssimo pelo terreno, da pra entender?  
Tendo em mente priorizar a qualidade de vida, toquei em frente à ideia da casa de campo, o primeiro passo foi definir a cidade. Optei por uma cidade pequena próxima a cidade a qual eu morava. Paraibuna, localizada no interior de São Paulo, me pareceu ideal,  sendo rodeada por mata nativa, pela represa (possibilitando esportes náuticos) estando a 55 Kms aproximadamente do litoral e a 40 Kms de São José dos Campos, cidade de porte médio.
O próximo passo foi encontrar um terreno em área rural para comprar. Note que nessa fase do processo muitos amigos começaram a me chamar de louco. Não se conformavam que eu deixasse uma cidade estruturada, com shoppings cheios, congestionamento, assaltos, poluição, protestos, pessoas estressadas ao redor. Pasmem, elas me dizem que isto é qualidade de vida! Bom, voltando ao processo de procura de um área, para minha surpresa me deparei com diversas casas de campo já prontas e diversos terrenos em área rural, porém, a esmagadora maioria sem escritura. Isso mesmo, as pessoas compram e vendem, constroem sem ter uma escritura na mão, apenas com contrato de compra e venda. Sempre pensei que isso se chamasse “loteamento clandestino” mas parece que por aqui a coisa é mais comum do que parece. E os preços, ah os preços variam demais, cobram verdadeiras fortunas por áreas sem escritura.
Enfim, após muita procura consegui localizar um local que me agradou, o fazendeiro proprietário da área me pareceu honesto e a área tinha escritura registrada. Hora de fechar o negócio e começar o preparo do terreno. Parte boa essa, definir o local da casa, acompanhar a terraplanagem e começar a construir. Por falar em construir, teria que definir como seria a casa, alvenaria convencional ou de madeira. Li vários artigos na internet sobre casas de madeira, que duram, algumas possuem mais de 100 anos, que é de rápida construção, que a “casa respira” pois a madeira é um material orgânico, etc. e tal. Pude notar que as pessoas são bem criativas no que se diz respeito às vantagens de uma casa de madeira. Bom, os argumentos me convenceram, principalmente a parte da “rápida construção”. Definido isso lá foi eu para o google procurar por uma empresa especializada em construção de casas de madeira e pasmem, havia uma empresa com filial na mesma cidade. Pronto, na teoria o problema estava resolvido! Agora era só procurar o escritório.
Já no escritório, vendedores atenciosos, oferecendo café, mostrando um livro cheio de projetos (acho que eram aqueles feitos por programinhas de computador). Realmente muito atenciosos, selecionei alguns projetos e levei pra casa. Resolvi esperar ao menos uns 6 meses pra ver se a empresa não era de fachada até fechar negocio. E é aquele negócio, se arrependimento matasse eu já estaria morto! Não pela casa de madeira e sim pela empresa que na minha opinião deixa muito, mas muito a desejar. Bom, continuando o assunto, conseguiram me convencer em contrata-los, dizendo que já fizeram mais de 3 mil casas, que a casa seria de madeira maciça, que seria de maçaranduba, me deram uma amostra da madeira para que eu pudesse carregar e constatar o peso, bem, hoje eu sei que os números passam longe da qualidade do trabalho oferecido! Após a assinatura do contrato marcou-se uma reunião com o engenheiro responsável. Sim, foi nesse ponto que eu cometi o erro! Essa reunião deveria ser marcada antes da assinatura do contrato, e não após como sugere a empresa. Claro, depois que eu conheci quem era o engenheiro responsável e sócio da empresa vi que cai numa cilada, e o pior, o contrato previa multa em caso de desistência! Lógico, provavelmente a grande maioria desistiria do empreendimento após conhecer o tal engenheiro e a essa altura eu já havia pago no ato da assinatura 30% da casa.
Entre discutir o assunto judicialmente (conforme orientação do meu advogado) ou deixar como está e continuar a obra optei por continuar, tendo em vista as mais de 3 mil casas construídas. No início tudo ocorreu bem, a obra iniciou na data prevista, a estrutura foi montada conforme o contrato, optei por uma casa com 4 banheiros, cozinha e área de serviço sendo feitas em alvenaria. Achei interessante que, apesar do preço cobrado, eles não utilizam colunas na construção, tão pouco colocam cimento na vertical entre os tijolos baianos, ou seja, economizam até com o essencial. Porém, apesar disso a casa estava sendo erguida. Outra coisa interessante que ocorreu nesse inicio das obras é que foi construído o barracão de obra, mas os pedreiros não construíram o banheiro para eles, optando por fazer suas necessidades em meio a mata, contaminando o solo ao redor. Nem preciso dizer que o engenheiro responsável não mais foi visitar o local para ver como tudo estava sendo realizado.
E construtora fazia a cobrança do restante das parcelas conforme a obra estava sendo realizada. Vale a pena salientar que a terceira cobrança foi realizada antecipadamente, o contrato dizia que deveria ser pago após o término da cobertura, porém foi realizado antes do término, assim como a quinta cobrança, que seria após o término dos pisos e azulejos. O mais interessante da quinta cobrança, é que eles forçaram para que o pagamento fosse realizado antes do término, mesmo faltando um banheiro por inteiro, alegavam que já haviam terminado, creio que isso tenha ocorrido por má fé por parte da empresa, pois o prazo de entrega já estava se esgotando e eles teriam que arcar com uma multa contratual, ínfima, mas era uma multa. A má fé foi tão grande que só conseguiram entregar os pisos e azulejos prontos após 4 semanas da cobrança, ainda assim sem o cálculo da multa. Pasmem, assunto resolvido depois de varias trocas de e-mails.
Em resumo, para quem quer construir uma casa de madeira, recomendo pesquisar bem a empresa antes de fechar negócio e se possível, conhecer o engenheiro responsável antes da assinatura do contrato.

 Fotos da obra:

Concreto sobre a porta preso com arames:

 alicerce:

 Não houve boa vontade em distribuir a massa entre os tijolos:

 A casa só possui duas colunas e uma delas com trinca aparente:

 Vista da parte de alvenaria:

 Montagem das paredes de madeira:


 Qualidade dos caibros utilizados:

 Desvio no encanamento estrategicamente calculado:

 Cuidados por parte da empresa com o piso recém instalado:



 Posicionamento da janela, torta em relação aos azulejos:
 De longe, até que da para enganar: